Crianças ou pastores mirins? Debate sobre adultização infantil invade o meio evangélico
- 02/09/2025
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Crianças ou pastores mirins? Debate sobre adultização infantil invade o meio evangélico
O incentivo à adoração é saudável, mas especialistas alertam para o perigo de transformar crianças em líderes sem preparo espiritual
O debate sobre adultização infantil ganhou força após as denúncias do youtuber Felca que culminou com a prisão do influencer Hytalo Santos e seu esposo Euro.
No entanto, uma análise mais cuidadosa mostra que o fenômeno também alcança os espaços religiosos, inclusive em púlpitos e congressos evangélicos. O tema levanta uma questão desconfortável: será que a Igreja, ainda que de forma involuntária, também tem contribuído para expor crianças a papéis que não lhes cabem?
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As Escrituras deixam claro que a criança tem pleno acesso a Deus e pode expressar sua fé de maneira legítima. O próprio Jesus afirmou: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino dos céus” (Mateus 19:14). Além disso, o Salmo 8:2 — citado por Cristo em Mateus 21:16 — reforça que o louvor infantil é genuíno e poderoso diante de Deus.
Nesse sentido, não há qualquer problema quando crianças participam de corais, levantam suas mãos em adoração ou compartilham mensagens simples em encontros voltados para elas. Pelo contrário, a Bíblia destaca que a fé pura e a simplicidade infantil são exemplos para os próprios adultos (Mateus 18:3-4).
Quando a inocência vira espetáculo
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A preocupação surge quando esses pequenos são colocados em funções que exigem maturidade espiritual e responsabilidade pastoral. O apóstolo Paulo orienta que o ensino, a liderança e o cuidado ministerial devem ser exercidos por pessoas experientes e firmes na doutrina (1 Timóteo 3:1-6; Tito 1:5-9).
Ainda que uma criança consiga recitar versículos ou cantar, ela não tem condições de lidar com questões complexas como aconselhamento, pregação em congressos de adultos ou discernimento pastoral. A chamada “adultização” acontece justamente quando a expectativa da igreja transforma o dom infantil em performance, explorando sua inocência como espetáculo.
Riscos para o desenvolvimento espiritual
Esse processo pode levar a uma espiritualidade artificial, construída mais para agradar o público do que para fortalecer a fé genuína. Aplaudidas pelas multidões, muitas dessas crianças acabam carregando um peso que não corresponde à sua fase de vida. O resultado é um risco duplo: de um lado, a perda da espontaneidade e da pureza que a Bíblia valoriza; de outro, a possibilidade de uma fé moldada pelo fardo das pressões adultas e não pela experiência pessoal com Deus.
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